Nathália Reis
9 min readFeb 10, 2024

Bateria Social Fraca: o que está acontecendo com a nossa disposição e energia para socializar?

Foto de Steinar Engeland no Unsplash

É incrível como mesmo passados alguns anos do início da pandemia e todo processo de isolamento ainda estamos presos na rotina de Lockdown.

Os “Portões da Liberdade” foram abertos, o vírus foi controlado e o tal do novo normal não se instalou. Tudo foi retomando aos poucos, o ir e vir, respirar sem máscaras, não precisar dar banho no saco de comida, mas algo ficou para trás e quase ninguém está percebendo: os hábitos tóxicos do isolamento!

Eu humildemente acredito que estamos aqui para ajudar uns aos outros, caso contrário estaríamos presos num bolha cada um em sua realidade em interações sociais, sem cor, sem vida, sem nada. Boring, isn’t it?

Nós somos seres sociais exercendo nossa humanidade de amar as pequenas coisas mundanas da vida, sorrir para o próximo, cuidar do meio ambiente que vivemos, dar bom dia as pessoas como forma de educação. Só que infelizmente não tem sido assim desde que a necessidade de ocupar um status quo se fez válida para todo mundo sem considerar a realidade de cada um.

Fomos ensinados que uma vida feliz, saudável e próspera remete a conquistas materiais, um bom cargo, uma carreira bem sucedida, uma casa invejável e mais um monte de coisas que são retratadas diariamente num @Instagram repleto de mentiras. Porque na real, ninguém percebe que não estamos todos no mesmo barco, talvez no mesmo mar! Sei lá, esse planeta é gigantesco e ainda não explorado totalmente por nós!

Tá cada vez mais down down downente viver no high society

A grande questão é que depois da pandemia mundial do Covid-19, o status quo de todo mundo mudou. É…não tem como comer presunto Parma Italiano todos os dias como antes e então tem que comer o Presunto Aurora mesmo.

Também não rola mais ser CEO de grandes empresas, porque não tem emprego pra quem não sabe trabalhar e usa os funcionários pra ganhar os louros. Infelizmente não tem como continuar trocando de coleção em toda temporada apenas pra doar as roupas “fora de moda” para a faxineira todo Natal em forma de “retribuição generosa”.

Nem sabemos se aqueles Natais repletos de comida que normalmente vão para o lixo ou são doados aos empregados vão voltar — se não tem emprego, não tem dinheiro! E cá entre nós, tem muita gente escondendo o fake status quo comendo uma tigelinha de legumes no Sesc dizendo que foi a um jantar com os amigos. É, não está fácil pra ninguém mesmo! Mantenha o disfarce e deixa tudo como está…

Não tem como mais ficar recebendo bônus anual gordinho na empresa pra sustentar as expectativas sociais ultrapassadas e que apenas visam o sorriso falso, os estalares de taças, o jantar que não foi colaborativo e que ninguém sabe o que as pessoas estão fazendo pra pagar por aquilo — com tanta empresa “falindo” não tem emprego, sem emprego não tem dinheiro.

Isso me lembra muito aquele filme “Amor por Contrato” com a Demi Moore. As pessoas cegas pelo que as outras têm, se desdobrando para ser como eles e lutando internamente com diversos dilemas pois não tinham ideia de aquilo tudo era falso.

Um marketing tão bom que nem parecia marketing!

Estamos apenas imitando a arte, pois muitos de nós saímos da pandemia com diversos problemas e dilemas. Uns fingindo que está tudo bem quando está um caos. Outros realmente expondo a verdade e sendo rechaçados por aqueles que tentam esconder a verdade. Irônico mesmo, caro leitor…

Criamos um mundo da qual não somos valorizados por quem somos, apenas pelo que temos. A quantia que temos no bolso e o quanto aparece na tela do app do banco. Mas isso é mesmo valor pessoal? Absolutamente não!

Ainda bem que essa regra não é totoalmente válida em todos os ambientes e que o mundo não está girando pela nossa vontade — e ainda bem! Muito menos parando pra esperar nossas atitudes mais humanas, conscientes e empáticas.

Estamos querendo uma vida normal, uma realidade possível, um mundo cheio de oportunidades sem lembrar que passamos todos por um trauma coletivo. Pessoas foram embora, lares foram desfeitos, pessoas foram despejadas, tem muita gente passando necessidade (ainda mais em lugares que já viviam essa realidade), empregos como antes não existem, máquinas estão tirando de nós ao invés de nos suportar. Onde iremos chegar com isso? Não sei, não quero fazer parte dessa realidade!

Sem nossa conscientização vamos continuar acreditando que nada aconteceu, que nada mudou, que não teve um problema. Pois queremos de certa forma cobrir a realidade com uma falsa realização. Afinal, todo mundo quer parecer bem na frente um do outro pra dizer que “tá tudo bem, seguindo o jogo” quando estamos lutando com nossos dilemas e situações difíceis mesmo. Ninguém que está inconsciente do que se passa internamente quer ser visto como o problema! Vamos tentar esconder e fugir o quanto for possível de qualquer situação que agregue ainda mais dor e trauma. Até não ser mais possível fazer isso!

O American Dream Lifestyle está cada dia mais distante, decadente e fora da realidade de tantos jovens talentosos que o máximo que conseguem é um emprego como caixa de supermercado ou abrindo um pequeno negócio de churros — até chegar o autoatendimento e tirar isso também. Tem dúvidas? Visite o mercadinho mais próximo da sua região, não há como não ser verdade!

Então como a sociedade prospera como um todo quando estamos sempre presos a velhos conceitos e ideias do que é viver em abundância?

O impacto da Tecnologia em nossa interação na sociedade moderna

Sempre acreditei em uma Tecnologia que seria inventada para deixar todo mundo de boca aberta com o que iria fazer para melhorar ou facilitar a vida das pessoas ou dos ambientes. E seria algo tão doido, que ninguém ia entender direito como aquilo existia de verdade!

Eis que a Tecnologia de verdade já existe, mas quase ninguém dá valor! Ou pior, dentro das circunstâncias atuais nesse modelo de mundo é algo tão inovador que parece mentira alguém pegar água suja e transformar em água potável. Ou que apenas construindo de um modo diferente poderia se ter um ar-condicionado sem gastar tubos com a conta de luz.

Infelizmente a Tecnologia mais aclamada é a que menos tem ajudado as pessoas em primeiro lugar, não posso opinar sobre os ambientes. IA NUNCA será inovador se não atender os princípios básicos de respeito a sociedade como um todo.

Não se pode usar a rede social e postar a foto de um filho com a comunidade que escolhemos ter, pois alguém vai lá e usa a foto pra causar assédio. Não podemos ter um negócio online, porque aí alguém vai lá e rouba a nossa identidade pra nada! Não podemos compartilhar nossa visão de mundo porque aí alguém vai lá e usa da IA pra distorcer nossa voz. Não podemos usar um aplicativo de mensagens instantâneas porque alguém vai lá e pratica chantagem pra roubar dinheiros.

Enquanto nossa educação de caráter permanecer baseada em valores, virtudes, visão de mundo, crenças e ideologias ultrapassadas e baseadas no patriarcado vamos apenas continuar repetindo o padrão.

Não tem como um discurso se basear no passado o tempo todo para moldar o futuro. Precisamos sim aprender e valorizar o que veio antes, mas é importante parar pra questionar: será que estamos vivendo exatamente as mesmas coisas apenas em uma outra configuração? O que vivemos agora é realmente diferente do que foi?

Apenas esse exame de consciência já muda muita coisa em nossas decisões diárias. Que vai muito além do "o que eu vou vestir ou comer hoje?"

O pós-pandemia está puxando cada um de nós pelo colarinho, fazendo exatamente esse convite para o exame de consciência profunda sobre nosso estilo de vida e visão de futuro! Quem realmente está de pé com tanto acontecendo ao mesmo tempo?

“O mundo está mudando o tempo todo e não está esperando nenhum de nós pra seguir evoluindo…”

Sobre o conceito de Baixa Bateria Social e Síndrome do Lockdown

Todo mundo tem uma certa quantidade de energia para se aproximar de reuniões sociais, os coworkings movimentados e outros compromissos. Esta reserva de energia pessoal é conhecida como “bateria social” – e quando começa a ficar fraca, pode levar ao esgotamento e à exaustão. Nossa energia é um dos recursos mais escassos que possuímos e saber como gerenciar isso é um grande desafio numa sociedade e cultura que exige que a gente pareça bem e engajado o tempo todo.

Algumas ideias sobre bateria social são:

  • Sua bateria social pode parecer esgotada se você for naturalmente introvertido, empata, pessoa altamente sensível ou se passar mais tempo em ambientes movimentados com pessoas que não conhece bem.
  • Sua bateria social pode ser recarregada priorizando eventos que são importantes para você e estabelecendo limites claros sobre o que você pode ou não dar conta.
  • Bateria Social não é um conceito médico, mas é uma forma popular e simples das pessoas explicarem aos outros como as atividades sociais afetam a energia de cada um e que está tudo bem não estar no clima pra badalar.

Depois de passar um bom tempo na rotina caseira é completamente comum e natural estarmos mais caseiros. E como disse, cada um foi afetado em alguma ou várias áreas da vida e nossa bateria social segue sendo afetada. Nem todos os problemas gerados pelo Lockdown foram resolvidos ou talvez não serão mesmo em alguns casos.

Lidar com mudanças bruscas tomam um tempo de adaptação para poder fazer parte da nossa realidade. Talvez esse seja o conceito real de novo normal: se adaptar a uma nova realidade depois de uma mudança em nossas vidas — não importa o tamanho ou impacto, algo aconteceu e não somos mais os mesmos.

Não anda afim de muita coisa? Confira alguns sinais de ter pouca energia para socializar

Uma pessoa pode estar com pouca energia ou bateria social para interagir se sentir com frequência ou vez ou outra:

  • Simplesmente cansaço, estresse ou ter passado pelo esgotamento
  • Menos interesse em conversas vazias do que antes e forte desejo de ir para casa ou estar em algum lugar familiar
  • Necessidade de fazer algo tranquilo, como ler, cozinhar ou assistir a um filme ou série
  • Sentir a necessidade de tempo em silêncio principalmente depois de eventos sociais
  • Tendendo a focar no mundo interior ou na imaginação, em vez do mundo externo
  • Frustração ou cansaço por situações sociais negativas mais rapidamente do que outros
  • Sentindo sobrecarga emocional por estar nas multidões, shows ou outros eventos de grandes grupos
  • Sensibilidade auditiva ou ocular quando em ambientes altamente estressantes ou em grandes multidões

A Síndrome do Lockdown, conceito que surgiu nos anos 1990 com a dificuldade que os caçadores sentiam de socializar depois de um longo período distante, trouxe muito disso para nossa realidade e fez nossa bateria social ir lá pro buraco.

A ideia de ter que socializar para alguns traz um certo pânico e mesmo que não tenha um perigo relacionado a infectologia é um processo delicado se desprender de certos hábitos depois de ter que se desprender de uma rotina que pode ter sido normal até a mudança chegar.

Na real estamos apresentando baixa qualidade em nossas interações sociais, dificuldade de reconexão, habilidades sociais mais leves e fluidas. Não precisamos continuar repetindo o passado quando sabemos o quanto isso é prejudicial. Ninguém está de fato considerando que pessoas podem ser sobreviventes de abuso, vítimas de assédio de todo tipo, que estão saindo de um luto, se recuperando depois de um período difícil, se reerguendo mesmo aos pouquinhos.

E o que estamos oferecendo uns aos outros além de dor, traição, desrespeito e mentiras? Nada disso está ajudando a sociedade a se levantar como um todo e está apenas adoecendo ainda mais aqueles que tem dificuldade em acreditar que existe alternativa!

Mas fica o meu questionamento: será que estamos dispostos a ser vulneráveis o suficiente para sermos vistos pelo que está de fato acontecendo ao invés de optar pela fuga?

Isso entra em conflito com toda aquela politicagem da sociedade que não é mais tão moderna assim, e que acredita que uma vida boa é exibir coisas, controlar a realidade com falsas ideias e espalhar mentiras pra parecer melhor que os demais!

Pensamentos Finais

Eu já notei mesmo que não tem mais volta! Não tem como retomar o que foi antes, não à toa entramos na Era de Plutão em Aquário e Saturno em Peixes. Inovação se faz necessária e precisamos rever nossos conceitos de vida e visão de mundo.

Continuo acreditando numa vida intencional e que pode ser associada a um estilo de vida mais simples. Que exibe com orgulho e sem tanto peso nossa realidade, considera acima de tudo nossos valores, interesses pessoais e singularidade.

Afinal, somos muitos no mundo pra viver do mesmo jeito e continuar esperando que o próprio mundo continue respondendo do mesmo jeito. Confuso? Nem um pouco!

O que você tem feito pra derrubar o que não atende mais aos seus propósitos e construir algo que você e os que virão depois, tenham a chance de viver ao invés de sobreviver?

Olá! Meu nome é Nathalia Reis e sou Coach especialista em Psicologia Positiva e Inteligência Emocional. Não conformista e que gosta de sempre questionar o porquê das coisas. Entusiasta de uma vida simples e intencional. Faço isso por uma escolha e não por ser a minha missão de vida! Conheça mais sobre meu trabalho aqui.

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Me Inspirou para este Artigo: WikiHow e Medical News Today

Nathália Reis

Coaching para Gestão de Estresse. Entusiasta de uma Vida Simples e Intencional. Curiosa, questionadora e não-conformista. Visite: www.nathaliareis.com